Gemelaridade - Síndrome da Transfusão Fetofetal Aplicação do laser no desequilíbrio hemodinâmico dos gêmeos
A síndrome da transfusão fetofetal é caracterizada por um desequilíbrio hemodinâmico das gravidezes de gêmeos idênticos em que a circulação sangüínea envolve uma única placenta. Nesta situação, os dois cordões umbilicais emergem de uma mesma estrutura placentária, na qual alguns vasos sangüíneos estão anormalmente fundidos. Estas anastomoses arteriovenosas provocam graves alterações no equilíbrio de forças na circulação dos fetos, tornando um doador e outro receptor de volumes extras, o que pode levá-los, inclusive, à morte.
Com o aumento da utilização da técnica de fertilização assisitida em todo o mundo, casos de gemelaridade complicada também estão se tornando cada vez mais comuns.
Nesta animação, demonstraremos o uso da laserterapia fetal endoscópica para a abordagem deste complexo problema médico.
Gravidez gemelar Ao se pressionar o primeiro botão, observa-se em detalhe ampliado o útero contendo dois fetos, cada um dentro de seu próprio compartimento amniótico. Uma membrana (âmnio) delimita estas cavidades e seus cordões umbilicais se inserem em uma mesma placenta, como observado no detalhe superior.
Comunicações vasculares Os vasos que se inserem ou emergem da placenta podem apresentar comunicações anômalas entre si, como as anastomoses arteriovenosas representadas.
Desequilíbrio hemodinâmico As comunicações vasculares anômalas podem levar à descompensação hemodinâmica dos fetos, fazendo com que haja acúmulo de líquidos e diferenciação no crescimento. O desequilíbrio pode fazer com que um dos fetos fique menor e comprimido junto à parede uterina (feto bomba), enquanto o outro cresce dentro de sua cavidade também expandida (feto receptor).
Ultra-sonografia e anestesia A ultra-sonografia é um exame útil na avaliação das condições fetais, tanto anatomicamente quanto hemodinamicamente (pelo exame Dopplervelocimétrico). Aqui o ultra-som é utilizado também para identificar as estruturas (posição dos fetos e placenta) e guiar visualmente os passos iniciais da aplicação do laser. Pele e parede uterina são anestesiadas para receber a punção do trocar.
Fetoscopia
Uma agulha de grosso calibre chamada de trocar é introduzida na parede abdominal atravessando pele e útero, sob visão do ultra-som. Em seguida, introduz-se o fetoscópio para localizar os vasos anormalmente conectados e situados na placenta que são os responsáveis pelo desequilíbrio da circulação fetal.
Ablação vascular a laser Depois de localizada a região da fusão anômala dos vasos, são aplicados pulsos de laser para "queimar" o local destas conexões, impedindo que o sangue continue a circular por estes vasos. O sangue, porém, continuará a fluir através do restante dos vasos que não apresentam conexões defeituosas entre si desempenhando o seu papel de levar nutrientes aos fetos e trazer à mãe as substâncias que precisam ser eliminadas dos organismos em formação.
Final do procedimento Se não houver intercorrências, uma vez restabelecido o equilíbrio hemodinâmico pela coagulação a laser dos vasos anômalos, o volume das cavidades aminióticas e o crescimento fetal se normalizam, podendo a gravidez seguir adiante com maior chance de viabilidade.
É importante observar que há outras estratégias de abordagem deste problema (como a punção para drenagem seriada do líquido amniótico) e que a utilização da laserterapia fetal foi representada aqui apenas como exemplo didático.
